O ideal de perfeição tem tornado as relações familiares e sociais mais tensas. O medo dos pais de errar e a necessidade de proteger e garantir que nada fuja ao controle, acabam por gerar uma alta expectativa sobre os filhos que têm de ser os mais inteligentes, os mais fortes, os mais populares, com as maiores notas. Tudo perfeito! Um fardo pesado demais para pais e filhos que têm uma concepção equivocada do erro, gerando angústia e ansiedade, uma sensação de fracasso e esvaziamento de propósito. O medo de errar rouba o colorido da vida e torna ainda mais desafiador o exercício de ser pai e mãe e se reflete nos filhos de uma sociedade refém da cultura do consumismo, ao invés de crescer, contribuir e compartilhar.
Para muitas crianças, crescer passou a ser assustador. Significa correr riscos e não corresponder às expectativas da família, e se mostrar imperfeito torna-se algo insuportável. Crescer e dar sequência a uma vida atropelada, cheia de exigências sociais não é algo atrativo, condenando a visão positiva de futuro e favorecendo doenças emocionais e transtornos psicológicos que afetam o humor, o raciocínio e o comportamento.
Olhar adiante e conseguir ter uma visão positiva é essencial para o equilíbrio emocional e físico do ser humano, pois ajuda atribuir sentido à sua existência e garante a possibilidade de sonhar e acreditar que o amanhã será melhor. Mas com esperança fica mais fácil acreditar na mudança.
Esperança é acreditar que alguma coisa desejada vai acontecer. Conforme o dicionário e a vida, seu sinônimo é a confiança que gera segurança e coragem para driblar qualquer frustração e seguir com determinação rumo à realização do que alguns chamam de sonho e muitos de missão, que atribui à vida uma grande carga de emoção, uma sensação poderosa de superação que transforma a decepção do erro em uma rica oportunidade de aprender com a liberdade, pois nos dá a possibilidade de ser, sem qualquer julgamento humano, gente, sujeito, indivíduo com habilidade de adquirir conhecimento em seu mais amplo sentido-compreensivo, sensível, generoso, afável e piedoso.
Devemos confiar as crianças à esperança para que guardem na memória muito mais que um amontoado de objetos. A esperança nos ajuda a libertar as crianças da
compulsão por “ter” e a oferecê-las verdadeiras oportunidades para “ser”, literalmente, “humano”, podendo ganhar e perder, mantendo sempre a alegria.
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